sexta-feira, 17 de outubro de 2008

“Navalha na Carne” estreia hoje e recomenda-se



Ainda que já várias vezes encenado, ainda que já transposto para o cinema e ainda que resulte de um texto escrito na década de 60, há sempre mais um motivo para ver “Navalha na Carne”, do brasileiro Plínio Marcos. A Companhia de Actores estreia hoje a sua versão, com direcção artística de António Terra, e com as excelentes interpretações de Cláudia Semedo, Diogo Mesquita e Tiago Fernandes. Numa viagem pelo mundo degradante da prostituição, o público é convidado a entrar num quarto de pensão barata onde depois de uma “noite ao ataque”, a Neusa Sueli, a prostituta da história, tem à sua espera uma carga de porrada. O cenário é cru, como é toda a peça, onde até Diogo Mesquita, o “chulo” da história de nome Vado, urina ainda que de costas para o público. Ele está zangado, como está sempre que não tem dinheiro para os seus vícios. A culpa é lhe imputada a ela, a prostituta que tem que o sustentar a bem dos seus atributos amorosos, ainda que a olho nu ninguém lhe consiga encontrar um qualquer motivo para uma mulher se apaixonar por ele. Desta vez o dinheiro foi roubado, pelo bamboleante homossexual que vive no quarto ao lado. Ele apanha como ela também apanhou, mas depois logo consegue transformar a acção de violência num jogo erótico. Ela não gosta e eles não gostam que ela não goste. Sobre mais porrada para ela, como sempre foi e será, até se atingir os limites do sofrimento humano. Não tanto físico mas psicológico. O texto é belíssimo e não podia ser mais actual, porque mais de 40 anos passados nada mudou na má vida. A peça é imperdível e pode ser vista até dia 22 de Novembro, ás sextas e sábados, pelas 21h30. O vida maravilha sugere: não percam.
Fotografia de Paulo Carneiro.

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