sexta-feira, 24 de maio de 2013

De facto, o terceiro filho é de chumbo


Vocês não vão acreditar, até porque a mim também me custa acreditar. Quando estava grávida da minha primeira filha comprei o tecido e pedi â minha avó para fazer este dossel que vêem na fotografia. Aliás, eu e o pai encarregámo-nos de fazer todo o quarto da bebé, ao nosso gosto, e de forma muito pessoal. Escolhemos como tons base o rosa e o verde água e pintámos uma cómoda, comprámos tecidos, objectos e quadros a condizer. Tudo um mimo para que quando a nossa princesa nascesse ter um quarto lindo. Depois veio o rapaz e toca de fazer tudo mais ou menos a preceito outra vez. Não com tanto rigor. Mas lá voltei a comprar tecidos e a pedir à avó que costurasse um dossel azul bebé. Ficou lindo, muito sereno, como é desejável para o sono do bebé. Acontece que a filha mais nova feio logo de rajada e pronto, foi o descalabro. Não queria que ela fosse para a cama de grandes muito cedo, pelo simples facto do irmão ainda lá estar. Não queria que ele sentisse que a irmã lhe tirava o lugar. Já bastava ter tirado o posto de bebé da casa aos 16 meses! E vai daí que o miúdo só saiu da cama dele quando pediu para ir para a cama grande. E vai daí que a filha bebé ficou no meu quarto mais tempo que os irmãos ficaram: mesmo para lhes dar espaço. Mas depois mudei-a para a cama de grandes. Mudei colchas e protector de grandes, na cabeceira. Mudei bonecada. Mas não mudei o dossel. Se querem saber, nem eu sei porquê. Deve-me ter passado na altura e a verdade é que nunca mais. Ontem, com o episódio do vomitado, etc e tal que já vos relatei, decidi mudar tudo. Eram 3 da manhã e estava eu a tirar tudo da cama, a pôr máquinas a trabalhar, a deixar tudo pronto para arejar de manhã. Saí cedo de casa, mas assim que cheguei encarreguei-me daquele quarto, em particular da cama da miúda e lá fui buscar o dossel cor-de-rosa. Quando ela chegou ficou doida com a cama nova. Coitadinha, mal sabe que tudo aquilo que via pela primeira vez, já a irmã tinha usado e mais que usado. Começou a descalçar os sapatos e pediu para a enfiar na cama. Esteve lá um par de horas encantada com o tom rosa que dominava o quarto todo, sob o efeito do pôr-do-sol a bater na janela. Logo ela que adora cor-de-rosa, que escolhe cor-de-rosa para tudo e agora tinha finalmente uma cama cor-de-rosa. Mas só agora aos dois anos e pouco…
É uma coisa pequenina, sem importância até, mas que deixa ver como as coisas mudam.
De facto, o terceiro filho é mesmo de chumbo. Todos os cuidados que antecedem a chegada do primeiro, a escolha criteriosa de tudo e mais alguma coisa, fica para depois. Porque a mãe tem mais que fazer. Porque a mãe está cansada. Porque a mãe deixou para depois. Porque enfim, não há tempo para mariquices.
Mas eles só são eles, são únicos e irrepetíveis, por mais que nasçam antes ou depois de outros e merecem todo o nosso cuidado. A minha filha pequenina, hoje, foi apaixonada pela cama dela para a escola. Queria lá ficar mais tempo, queria brincar com bonecos que nem nunca tinha visto, imagine-se! Hoje e ontem ficou mais feliz e isso é que importa!

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