segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

(N)As mãos do Chef Pedro Soudo!

 
Esta não foi a primeira vez (nem a segunda!!!) que participei numa aula de cozinha e por isso acordei no sábado de manhã com a energia toda e as expectativas lá no alto. Gosto cada vez mais de cozinhar (tal como gosto cada vez mais de comer bem!) e adoro toda esta dinâmica de um workshop à volta do fogão. O vinho que se bebe, enquanto se cozinha, as conversas que se cruzam, as confidências que se fazem, o riso que se torna fácil. Esta não foi a primeira vez que participei numa aula de cozinha, mas foi talvez uma das mais proveitosas experiências que tive. Em primeiro lugar porque aprendi a fazer Sericaia que é só a minha sobremesa alentejana preferida. Adoro. E sempre que estou no Alentejo é esta a sobremesa que escolho. Não é exageradamente doce, é leve, mas sacia, e tem aquele ar de ser complicada de se fazer. Achava eu... afinal é tão simples quanto boa! O Chef Pedro Soudo, o chef da cozinha do Refúgio da Vila Hotel Rural é das pessoas mais simples e descomplicadas que conheci, de trato fácil e com aquela máxima que nós adoramos ouvir: Improvisem! Contou-nos ele que a maior parte dos turistas estrangeiros que por ali passa, segue tudo muito à risca. As receitas são todas "by the book" e caso falte alguma coisa na despensa, como um dente de alho ou a folha de louro, já nada se faz. Pois, segundo o chef, o grande truque da cozinha passa mesmo por improvisar e a particularidade da cozinha alentejana passa por exagerar nos condimentos. Se a receita diz, duas ou três folhas de coentros, pica-se 50. Se diz um fio de azeite, tempera-se com muito. A cozinha alentejana é forte nos sabores, nas ervas aromáticas, e é nesse exagero que está o grande truque de tornar tudo mais saboroso, sem medo! Enquanto os meus filhos faziam lá fora bolachas, pão e salame de chocolate (por sinal divinais) e se riam a valer entre outras tantas crianças, todas de avental e rolo da massa na mão, eu e o pai, experimentávamos queijo de cabra fresco com mel e um bom vinho branco e mais tarde outro copo de tinto, já a acompanhar a carne de alguidar e as migas alentejanas. Adoro migas... a-do-ro! Picámos cebola a medo e aprendemos como um chefe o deve fazer, com os dedos para dentro para não haver acidentes! Fizemos salada de grão com bacalhau, esmagámos alhos, experimentámos molhar o pão no azeite de Portel. Cortámos queijo fresco aos cubinhos e, imagine-se... fizemos panados, como podem ver na foto (a primeira a seguir ao texto)! Uma entrada sofisticada, mas que resulta muito bem numa sobremesa: queijo de cabra fresco, cortado aos cubos, passado por farinha, ovo e pão ralado e, depois de frito, polvilhado com canela e mel... hum que delicia! Cada coisa que fizemos, cada coisa que comemos. O Chef não esteve ali a cozinhar para nós, mas a convidar-nos mesmo a participar, a cortar, a mexer, a temperar, tudo sempre de forma livre: cada um tempera como gosta...! Ali não havia colheres de degustação nem mini taças transparentes, ao melhor estilo gourmet. Ali havia tigelas de barro, boas tijelas de barro, frigideiras grandes e com histórias para contar. Ali havia alma alentejana!
E depois de uma hora e meia assim, com a mais pura satisfação no rosto e com o estômago já bem acarinhado, foi tempo de sentar à mesa e desfrutar. Porque a cozinha serve mesmo para isto: desfrutar!
Ficam algumas fotos! E o meu muito obrigada ao Chef Pedro Soudo por toda a disponibilidade!

 



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